Às
trinta dias do mês de julho de dois mil e quinze, às dezenove horas
trinta e nove minutos, iniciou-se a reunião do Fórum Permanente da
Capoeira. Mestrando Perninha abriu a reunião retomando os pontos da
última reunião. Em seguida, falou os pontos da reunião: informes;
fala do Contramestre Biriba; pronunciamento e ao final,
encaminhamentos. Iniciando pelos informes, foi dito que foi enviado
ofício do Fopeca para o Iphan, solicitando inserir recursos para o
Planejamento do Iphan, foi respondido pelo Iphan de que se
comprometia a inserir no Planejamento de 2016. Foi aberta a fala, mas
ninguém quis se pronunciar. Passou então ao segundo ponto, sobre a
fala do Contramestre Biriba sobre a capoeira em Roraima. Apresentou o
áudio gravado com o Contra Mestre Biriba, em que o Mestrando
Perninha fez alguns questionamentos sobre a situação da capoeira em
Roraima, sobre a representação da capoeira em Roraima, em que cada
grupo de capoeira tem assento, e gostaria de saber se é uma
associação, como é. Respondeu que passou por muitas dificuldades,
pois existiam muitos grupos e não se falavam, pois existia
rivalidade, mas com o amadurecimento e saída de alguns, o diálogo
começou a acontecer entre os grupos maiores. Assim, foi fundada a
Federação, que está na segunda gestão. Mas antes disso, foi
sugerido que cada grupo formasse a sua associação legalmente
constituída. Aí o Iphan começou a articular os grupos e aproximar
os líderes; e quando o Iphan percebeu que já existia a associação,
o diálogo ficou mais fácil; quando foi feita a federação, com
CNPJ e tudo direitinho; existe o regimento, que diz como entrar na
Federação, já com a ajuda do Iphan. E o Iphan sugeriu que com a
eleição da nova diretoria, dentro do seu trabalho, o grupo de
salvaguarda, neste momento o Iphan pega essa responsabilidade, e é
eleito o Conselho Gestor de Salvaguarda da Capoeira, disponibilizando
assento para todas as associações envolvidas. Começou a citar
vários trabalhos realizados, entre eles a reunião do Conselho
Gestor de Salvaguarda, todos os meses, com ata, com toda a parte
jurídica. Muitas sanções acontecem se os grupos faltarem, eles tem
que mandar representante. Falou que veio um técnico do Iphan para
conhecer os centros de capoeira no Estado, ele passou a semana toda
com oficinas, discutindo o que poderia fazer; e ele disse que o
diálogo aqui está muito avançado, que será lançado um livro,
gravado um CD, eventos, ele vem ajudando a fazer eventos. Que esse
contato com o Iphan só aconteceu porque teve essa formalização.
Dentro dessa salvaguarda, Mestres de lá foram chamados pra uma
reunião no Congresso Estadual Unitário de Capoeira (CEUC), que foi
o mesmo formato de todos os estados, mas o Iphan ajudou bastante, foi
feito com toda a legalidade, todo grupo tinha representante. Disse
que nas reuniões de salvaguarda, as pessoas levavam sugestões, que
todos os grupos tem assento. Se uma verba é conseguida, ela é
destinada ao Comitê Gestor para decidir como esse dinheiro pode ser
utilizado de forma mais efetiva entre os grupos associados. Hoje o
Iphan apoia muito mais, inclusive querem fazer novos produtos. Depois
de todo o processo de constituição das associações e da
federação, hoje em dia, para um grupo novo participar da Federação,
não é fácil, tem que ser votado pelo conselho a aprovação desse
novo membro. Disse que lá também é muito forte o movimento gospel,
eles possuem uma federação, ele levou ao conhecimento do Iphan e
foi sugerido que se reservasse um acento para ela no Comitê Gestor
da Salvaguarda. Terminou se colocando à disposição para tirar mais
dúvidas. Perninha retomou falando que pode compartilhar depois no
grupo do WhatsApp o áudio exposto, pois entende que é muito
importante esse relato dele, claro que cada Estado tem sua
peculiaridade, mas lembrou que não precisa reinventar a roda e
trazer as boas práticas para nosso Estado. Lembrou que Mestre Biriba
falou que no início havia resistência, mas que ela foi sendo
quebrada. Falando do Fórum do RN, disse que é notório que teve um
esvaziamento das reuniões do Fórum, mas que o caminho é se
organizar juridicamente. O caminho que eles percorreram lá em
Roraima foi se organizar. Por exemplo, se fosse aqui no RN, tem os
diversos grupos, cada uma montaria sua associação, que cada um
compartilhasse essa informação, de como acontece. Mestre Alcio
explicou que uma associação é uma representação política, que
trabalhar pelo bem da categoria, que o Fórum e o Conselho de Mestres
é sair mais proposições para a capoeira. Mestre Caio falou que a
associação é local, ligada à Confederação Nacional da Capoeira,
e tem também a Associação dos Professores de Capoeira; disse que
as associações hoje representam apenas a vontade do presidente.
Mestre Moleque discordou, disse que uma associação tem no mínimo
de doze pessoas, e que as decisões são votadas no grupo. Mestre
Alcio disse que se quer criar associação e quer criar federação,
tem que começar com o respeito, se respeitar as individualidades de
cada um, é respeitar a metodologia dele, e ainda hoje tá em
discussão quem é o pai da capoeira, eu vi dizendo que vem da
África, ele diz que não, pois uma ex-aluna percorreu Angola, mas
não encontrou a capoeira lá. Precisa-se respeitar o outro, acabar a
guerra de vaidades. Mestrando Perninha retomou, pedindo que depois
da fala do Mestre Caio, volte-se para a pauta. Mestre Caio disse que
está na ancestralidade da capoeira, que o mais velho é quem lidera,
que é o Mestre, não é uma assembleia, ele discute, ele ouve os
alunos, mas ele quem decide é ele, é isso que vê que funciona na
capoeira; se é uma classe, é preciso apenas uma instituição.
Perninha foi explicar que uma associação são pessoas unidas em
torno de algo em comum. E o que seria um grupo de capoeira? Cada
grupo, que é cada associação, teria sua autonomia para definir as
cordas. Existem várias lideranças, que estão na Associação. Ele
retomou a explicação do Contramestre Biriba, que quando o Iphan
chegou, a estrutura deles já estava montada, de Federação. Então
cada associação vai ter um líder e um representante no Comitê
Gestor, cada associação tem um representante, mas nenhuma
associação sobre a outra nem a federação tem poder sobre a
associação. Como eles estavam mais organizados, quando o Iphan
entrou, eles já estavam formados. Aqui no nosso estado, nós temos
duas federações, mas elas não representam os grupos do Estado,
esse Fórum mesmo não tem a legitimidade devida; que a eleição que
elegeu os representantes do Fórum não representa os interesses de
todos os grupos do Estado. Mestre Paraguai disse que já trabalhou em
Roraima, aqui a gente tem muito mais habitantes, mais municípios, e
lá a capoeira não disputa com muitos atrativos, quando coloca um
grupo de capoeira, ela atrai mais pessoas. Mestre Alcio propôs para
o Plano de Ação do Iphan de 2016, já proponho construir um espaço
da capoeira, com alojamento, com auditório, ver terreno com a
Prefeitura, para fazer a Casa da Capoeira, com verba federal.
Mestrando Perninha pediu para constar em ata. Mestre Robson explicou
que existe apenas uma Federação aqui no Estado, que todos os grupos
foram convidados, que ela passou pela mão do Mestre Índio, depois
para o Mestre Marcos, e aconteceu o mesmo problema que acontece hoje
aqui, que tem pessoas que apostam e outros, que tem grupos grandes e
não quiseram participar. Mestre Robson e Mestre Caio tentaram
lembrar como foi o processo de constituição da Federação, das
regras relativas à graduação, discutindo como foi. Mestrando
Perninha pediu para retomar a pauta. Mestre Robson pediu para
explicar, disse que os grupos não querem entrar pois não querem
perder sua autonomia. Mestre Alcio lembrou que o Estado tem 167
municípios, muitos municípios pequenos e dá para trabalhar.
Mestrando Perninha concordou, dizendo que era um estado acessível,
que dava pra articular, que tinha poucos grupos, essas representações
tem que participar, tem que estar dentro de uma Federação para que
ela se torne representativa. Mas para isso é preciso entender: eu
preciso me formalizar para ter recurso, porquê? Qual o sentido de se
formalizar? Na fala do Mestre Biriba, nota-se que depois que a
Federação se formalizou, eles puderam captar recurso, mas os grupos
decidem como será dividido esse dinheiro, como serão os eventos. O
nosso objetivo é que a gente tem que estar forte politicamente, com
representação política para receber recurso. E perguntou: como é
que o Governo vai passar recurso se eu não estou formalizado? O
Conselho Gestor vai dizer como será rateado, vai ficar responsável.
Mestre Robson disse que nunca se perguntou aos capoeiristas o que
eles querem para a capoeira, e questionou como a gente vai saber o
que fazer. Tem que convidar as pessoas para vir. Tem que trazer as
pessoas para a capoeira, se não vierem, a gente não tem o que
fazer. Mestre Caio disse que foi perguntado pelo Iphan no início do
que era que o capoeirista queria, e foi dito que era a organização
política. Mestre Alcio disse que muitos vieram porque era patrimônio
mundial, que pensavam que ia entrar muito dinheiro, aí quando
começou a vir para as reuniões e ver qual era a realidade, aí
começou a esvaziar. Ressaltou que nunca fui pelo grupo, eu sou
capoeira, como é que eu vou querer recurso, se eu não estou
legalizado. E receber recurso público não é simples, tem que
prestar conta. E isso tem que ser considerado. Mestre Moleque disse
que sem contar que os ditos grupos pequenos se menosprezam, que
quando eles veem quem são os caciques, eles não querem mais vir.
Quem está querendo se vangloriar, para benefício próprio, já sai
até do grupo de WhatsApp. O caminho é todo mundo se ajudar, eu
liguei chamando, mas as pessoas reclamam que não tem roda, vai ficar
sentado lá discutindo ali. Andréa disse que estava aberta a
solicitação do DPI para diárias e passagens. Que essa coisa da
formalidade era importante, pois era recurso público. Mestre Robson
disse que não achava que trazer Contramestre Biriba ia ser útil,
pois seria repetitivo. Que tinha que ir atrás de todo mundo. Que tem
que se organizar e trazer mais representantes de grupo, tem que
buscar mais pessoas. Mestre Caio disse que concordava com Mestre
Robson, que tem que chamar mais pessoas, mais como atrair essas
pessoas. Mas as coisas tem que começar, pois vai ter gente que só
vai vir quando as coisas começarem a acontecer. Se as pessoas estão
aqui e estão interessadas, tem que fazer. As pessoas ficam pensando
que é só reunião, mas tem que ter um atrativo. Mestrando Perninha
acha que a experiência de uma pessoa era interessante, como do
Contramestre Biriba, e como disse Mestre Caio, pensar em um atrativo.
Quer que as pessoas participem, que por isso grava e coloca na
internet. Concorda com o evento e sugere que haja um prazo maior para
o Fórum nesse meio período e encaminhar ao Iphan o pedido de
passagem e diária. Andréa sugeriu trazer um técnico do DPI do
Iphan em Brasília. Mestre Paraguai disse que trouxe uma oportunidade
para a capoeira aparecer, e descentralizar a capoeira dos grupos
grandes, dele, que tem um grupo pequeno, de estar aqui trocando
informações; ao mesmo tempo pede mais informação, que a melhor
forma seria o Facebook. Acha que não pode baixar a cabeça e sim ver
quem quer alguma coisa para a capoeira. Deve aproveitar os que querem
e tocar o barco pra frente. Mestre Junior Aranha disse que acha que
as pessoas deixaram de vir porque achavam que ia ter dinheiro
envolvido; outra coisa é que as pessoas vinham, achando que nada
acontecia e deixaram de vir. Que as pessoas que estão aqui querem
fazer alguma coisa, então se cada um trouxer 30 alunos, já faz um
movimento grande. Tem que realizar para a coisa acontecer, se ficar
só pensando, não vai acontecer, eu venho pra contribuir, pode ser
uma reunião virtual. Mestre Alcio disse que tinha um projeto chamado
“não jogue lixo na praia, jogue capoeira”, que era um projeto de
ir com um grupo de capoeira na praia junto com a Urbana. Mestrando
Perninha disse que pode usar o mesmo recurso de web conferência
para fazer as reuniões. Mestre Robson disse que desde o começo
ninguém prometeu dinheiro a ninguém, se alguém achava que ia
ganhar algo, não sei de onde tirou. Disse que tem que trazer mais
pessoas, que o número faz diferença pois tem mais apelo. Se não
vier, tudo bem, mas segue, e tem que vir pela capoeira. Mestrando
Perninha retomou o comando e passou a fazer suas considerações,
dizendo que ao final tirariam os encaminhamentos. Disse que acredita,
e deve ficar batendo nessa tecla, até que dê resultado, a ideia de
fazer algo substancial é boa. Informou ainda que o IFRN ganhou um
edital de Mais Cultura nas Universidades, para execução nos
próximos dois anos. E o projeto de Capoeira Corpo Livre que está
dentro do projeto, terá em torno de cem mil reais, e contempla
diárias e passagens, e o projeto maior envolve um circuito cultural
no Estado todo. E que pode trazer o Iphan junto nesse processo.
Andréa informou que o Iphan já está no Conselho Gestor, por outro
caminho. Mestre Alcio sugeriu que valorizasse os grupos daqui, pois
entendia que os capoeiristas daqui ganhassem cachê igual ao de fora.
Mestrando Perninha disse que concordava, que um dos princípios da
capoeira era a igualdade, que não importava que o capoeirista
tivesse projeção internacional. Mestre Alcio lembrou que hoje era
importante pois iriam sair com encaminhamentos, e que seria montadas
associações para montar a Federação, que seria importante ver
qual a situação dos grupos de capoeira quanto a isso. Mestrando
Perninha destacou que era importante a legalização, para angariar
recursos públicos. Colocou como proposta a regularização jurídica
dos grupos de capoeira, para no futuro montar a Federação e saber a
situação dos grupos. Lembrou que no processo de salvaguarda, esse
levantamento será bom para visualizar isso. Foi aprovada por todos.
A segunda proposta foi de que a reunião fosse a cada dois meses,
para haver uma articulação melhor, devendo ser em setembro.
Mestrando Perninha colocou também a possibilidade de solicitação
de passagem e diária ao Iphan. Mestre Alcio propôs que viesse um
técnico do Iphan, especialista em capoeira, sendo aprovado pelos
demais. Ficou pré-agendada a semana de 21 a 25 de setembro para o
próximo Fórum, com a vinda do técnico do Iphan por três dias.
Nada mais havendo a tratar, eu Andréa Costa, lavrei esta ata.
Natal,
30 de julho de 2015.